Conversa de merda

Às vezes, basta um pequeno empurrão para uma ideia crescer e ganhar corpo.
Há pouco, estava ao computador e lembrei-me sabem do quê?

De peidos.

Tenho a certeza que os leitores já começaram a torcer o nariz. E não, não terá sido por terem largado uma flatulência; estão a torcer o nariz porque, como toda a gente sabe, ninguém dá peidos. Pelo menos, o comum dos mortais não os dá.

-Um peido é uma coisa ignóbil, porque ninguém fala deles nem admite a sua existência.
-Um peido é ignóbil como o Voldemort nos filmes do Harry Potter - o seu nome não pode sequer ser pronunciado. Tem de ser substituído por sinónimos inofensivos como traque, coete, gás, pum e punzinho.
-É tão ignóbil que até o excesso de uso da palavra "peido" já começa a desencorajar o leitor que teve a coragem de ler este post até aqui.

Mas o leitor já me conhece, sabe que sou rapaz para ir sem medo ao fundo das questões; por isso, continuo a minha análise:
-Meninas, quando olham para o rabo de um rapaz, imaginam esse cu a dar peidos?
-Rapazes, quando olham para o rabo de uma menina, imaginam-no a dar sonoros, alegres e descomplexados "punzinhos"?
Claro que não, e porquê?
Lá está; é uma coisa porca, suja, ignóbil.

Mas ignóbil, porquê?
Gostamos muito de criticar os americanos porque permitem violência a rodos no cinema e televisão, mas censuram fortemente a nudez, principalmente a feminina. Pois, os americanos são um povo estúpido* e não sei o quê, blá blá, etc.

Ora, eu gostava de ver a vossa reacção se a Soraia Chaves no "Crime do Padre Amaro" começasse a largar morteiros pelo esfíncter quando se despisse. Para os alemães seria a coisa mais natural do mundo, mas para os anti-censura portugueses seria uma coisa insuportável, de mau gosto e... censurável.

Agora, e aqui é que a porca torce o rabo (apesar do tema, a expressão é inocente), se uma pessoa tiver confiança suficiente com outra para dar um peido à sua frente - e se o fizer - torna-se logo assunto de galhofa.
Com isto, meus amigos, é que eu fico curioso. Fascina-me o poder do riso que está contido dentro de um simples gás. Fascina-me o prazer perverso que lhe é atribuído, como se de um fruto proibido se tratasse.
Até um bebé que não sabe o que é a vida sorri quando se peida. Virá daí a génese da piada? Um alívio transformado em motivo de riso com o passar dos anos?

À vossa consideração.

Por último, há pouco disse que o comum dos mortais não dá peidos. Significa que há excepções.
Sabem quais?
Aquela espécie rara de pessoas que, por terem a habilidade também rara de dar peidos, os dão à frente de toda a gente evidenciando a sua superioridade.
Parece que nos estão a comunicar "olha só este truque que eu consigo fazer, pá", com a mesma alegria com que o Luis de Matos faz um truque de cartas.
Tanto é que depois até parece que ficam ofendidos por ninguém bater palmas.

Porcos, pá.


* Para que conste, os americanos são mesmo um povo estúpido. Excepção feita a um moinante que cá conheço.

2 comments:

Miguel M. disse...

Epá... peida-te à vontade!
Quando não conseguires é mau sinal, por isso, força nisso.

Um abraço.

Quantum disse...

Obrigado pelo conselho, sinto-me muito mais solto.
Abraço!