Onde estão as minhas maneiras?

Tinha prometido agradecer o título do SLB a Domingos Paciência e, como tal, toca a cumprir.
Devo até dizer que descobri muito sobre este grande homem enquanto escrevia sobre ele.



Dou ao texto o título nada original, mas mais do que apropriado...

Domingos, paciência.

Como começar?
Comecemos pelo "fim". Numa volta tipicamente cinematográfica com adaptação para blogue, quero começar com as últimas declarações conhecidas de Paciência até à data:

"Há uma grande diferença em termos de orçamento e, além disso, o Benfica jogou um terço do campeonato contra 10... Foram muitas desigualdades"


*ndr: Honestidade intelectual não tem preço*

-Há quem critique Paciência pelo teor destas palavras, eu louvo-o.
É um homem que estuda os números e não tem medo de expor a verdade matemática; o Benfica esteve de facto 420 minutos deste campeonato a jogar contra dez, num total acumulado de 4,6 jogos.
Todos sabemos que o campeonato nacional tem 13,8 jogos e que expulsões em equipas que jogam contra o Benfica nunca são justificadas.
Paciência é apenas um entre 100 mil que sabe ver as coisas como elas são, sem cortinas de fumo.

E onde aprendeu Paciência esta forma imparcial de estar e de ver as coisas?



-Foi no FCP que Paciência aprendeu a jogar futebol. Num clube honrado, exemplar a todos os níveis, um clube tão pobre que ao invés de dinheiro tinha de pagar em géneros - os tão falados mas muitas vezes mal conotados "Fruta", "Chocolatinhos", e "Café com leite".

Com uma dieta de meloas e bonbons que lhe aqueciam o ventre, Paciência jogava.
Ao mesmo tempo que caía na grande área, vítima de ataques atrozes (porque nunca simulou), sonhava um dia ver a ser um treinador campeão.

Na sua caminhada, começa por treinar o Leiria. Nesse ano, Ricardo Quaresma, jogador do FCP, agrediu à cotovelada um dos seus jogadores. Más línguas terão afirmado que ele disse "não ter visto por estar a olhar para o chão". Pura mentira.

O momento foi captado, e podemos ver Paciência chocado e desgostoso com a bárbara cotovelada. A mesma não consta da imagem, mas a seta aponta o local onde foi cometida.




Paciência é a pessoa mais séria do futebol nacional e quiçá de além fronteiras.
Tomei por missão comprová-lo no meu espaço, de forma a calar de vez todas as vozes que o criticam.

Numa época fértil em casos e emoções Paciência manteve sempre a calma e a postura, o bom senso e o fair-play.

-Nesta época em que caminhou para o título, começou a dar o primeiro sinal afirmativo ao vencer em casa o FCP a 17 de Setembro de 2009:


*ndr: festejando efusivamente o golo de Alan à sua antiga equipa*


Apesar do feito, o resultado pecou por escasso: Paciência juraria a si próprio que tudo faria para ganhar categoricamente ao FCP na próxima oportunidade.


-Chegou o dia 31 de Outubro, o Braga recebeu o Benfica à 9ª jornada.
O Braga venceu merecidamente por 2-0, foi anulado e bem um golo ao Benfica que daria o 1-1.
Luisão não estava em fora de jogo nem cometeu qualquer falta nesse lance.

Contudo, o pior estava reservado para o intervalo:
foi um incrédulo Paciência que assistiu, impotente, às agressões dos seus jogadores ao goleador rival, o Óscar Cardozo.
Paciência tentou informar o árbitro do sucedido, para bem da verdade desportiva, mas sem efeito.


"O rapaz agredido do Benfica foi aquele mais alto"



"Se o soco fosse de frente, partia-lhe os dentes"


-Chegou a jornada 19, o Braga recebeu em casa o Marítimo.
O jogo estava empatado até perto do final, quando o Braga marca o golo da vitória seguido de uma jogada de envolvência em que a bola ultrapassou e bem a linha lateral.
Paciência, paladino do fair-play, não escondeu a sua revolta e viria a considerar a vitória da sua equipa como injusta.


"A bola esteve fora pelo menos isto", gritou um Paciência incrédulo.



-A jornada 20 não se fez esperar e a 21 de Fevereiro de 2010, Paciência visitou o Estádio do Dragão.
Confiante num resultado robusto e afirmativo contra o FCP, iludiu o adversário alterando a estrutura tática da equipa, trocando jogadores de posição e retirando titulares indiscutíveis do onze inicial.
Surpreendentemente, por um golpe do destino, a estratégia não surtiu efeito e cedo apanhou-se a perder por 3-0. Acabou por perder por 5-1.


*ndr: tentando freneticamente inverter o resultado contra o FCP.*



-Não tardou a chegar a 24ª jornada, que ao contrário da atrás mencionada, se tornaria fatídica para as aspirações ao título.
Foi um Paciência indignado que, justificadamente, se queixou à imprensa sobre o golo do Benfica, que ditaria o resultado final de 1-0, por ter sido obtido muito para lá da hora.


"O golo do Benfica foi obtido sete segundos após a hora", exclamou Paciência.



-Ferido, mas longe de estar vencido, Paciência cerrou fileiras e dentes para o Dérbi do Minho na jornada seguinte a 2 de Abril de 2010. O Braga de Paciência ganhou o jogo por 3-2, marcando três golos de pénalti.
Todos foram pénaltis justificados, principalmente o apontado ao minuto 8 dos 5 que foram dados de desconto.
Mas, como sempre, a desconfiança pairou sobre Paciência; más línguas disseram que era amigo do árbitro Artur Soares Dias e que terá prometido uma bejeca ao juiz caso o Braga ganhasse o jogo.
Ora, eu tive acesso às imagens e sei que Domingos apenas tomou um amigável pequeno-almoço com o árbitro.


"Artur, que tal estava o teu galão?"


Uma cerveja bebe-se com uma mão.
Observem o cuidado e a delicadeza com que Paciência segura o pirex imaginário, equilibrando a colher e o pacotinho de açúcar.
Só alguém de má fé diria que Artur Soares Dias tomou mais do que um simples café com leite.

Bom. Mais haveria para dizer, mas por hoje fico por aqui.
A razão pela qual comecei pelo "fim" é porque considero não haver qualquer fim.

Paciência é um guerreiro e não tarda teremos este homem como campeão pelo SCB, tudo para bem do futebol português:



Ups. Desculpem.
Confundi o penteado e o olhar vivo e inteligente destes dois campeões.

Assim é que é:

Campeão Nacional 09/10