Fora da lei na auto-estrada

Lembrei-me há pouco dos Xutos e Pontapés, num fútil exercício mental de imaginar como seria se eles tivessem lançado o Hit-Single "I Just Called to Say I Love You".
O mundo ficava mais ou menos na mesma.

Para não nos perdermos na história, um dos Hit-Singles dos Xutos foi o "Maria", lembram-se?

"De Bragança a Lisboa,
São nove horas de distância.
Queria ter um avião
Para lá ir mais amíude

Dei cabo da tolerância
rebentei com três radares,
só para te ter mais perto
só para tu te dares.

Seja de noite ou de dia
trago sempre na lembrança
a cor da tua alegria
o cheiro da tua trança

E saio agora, e vou correndo pra ti...
Maria"

Muito bem, invertamos os papéis. E se tivesse sido o Stevie Wonder a escrever a "Maria?"
Como é que ele fazia?

A resposta consta da cultura geral:
toda a gente sabe como é que o Stevie Wonder conduz: prego a fundo, a fazer sinais de luzes com a mão direita e com a mão esquerda no rail da auto-estrada para não sair da faixa.

Como tal, todos acreditaríamos que, pelo caminho, Stevie Wonder rebentasse com os radares e desse cabo da tolerância. Isto, claro, além de não parar nas portagens, não abrandar para ver o acidente no sentido contrário e de não responder verbalmente a insultos gestuais.

Saberíamos também que, caso o Stevie Wonder lá chegasse, de lá traria na lembrança a cor (porque não?) da sua alegria e o cheiro da sua trança.
E bate certo não importar se é de noite ou dia; afinal, qual é a diferença?

Bom, se o texto já estava a ser mau, acabei de o ferir de morte com a última frase.
Para evitar o descalabro, deixem-me mudar já a agulha à conversa.

Em vez das maldades anteriores, imaginem o Stevie Wonder à pendura, a cantar o "RoadHouse Blues" dos Doors ao Ray Charles:

"Ah Keep your eyes on the road,
your hands upon the weel!"

Fui.

2 comments:

Miguel M. disse...

ah ah ah ah ah ah

Tu tás lá!!

Anónimo disse...

Recordar será viver? Num sei, mas sabe bem...
xs